OS MEU HERÓIS MORRERAM SIM DE
OVERDOSE!
Lembro-me como se fosse hoje, ouço num programa de televisão
as estréias no cinema e fico totalmente fascinada com o filme a ser lançado
“Cazuza- O tempo não para”.Com apenas 12 anos, portanto, sem a idade suficiente
para assistir tal filme. Dias a fio eu
passei tentando convencer meu pai a assistir comigo. Enfim ele aceita. Ao final
do filme tenho a mesma sensação da qual tive ao vê-lo pela tv.
A partir daquele dia havia escolhido o meu ídolo, Cazuza, ou
melhor Agenor de Miranda Araújo Neto. Pesquisei por dias a sua vida, ganhei o
livro que Lucinha Araújo, sua mãe, escrevera, e
descobri coisas que não foram ditas no filme. Discorrerei aqui o pouco
que sei e aprendi.
Filho único de um casal muito bem estruturado, cercado de
mimos, como de costume entre os únicos. Cheio de carisma, boa aparência,
inteligente e n outras qualidades.
Infância já marcada
pelo seu talento inenarrável e incontestável para composições, no entanto,
somente sua avó materna tinha ainda o privilegio de lê-las
Pré-adolescência, período de experimentação, década de 70 ,
drogas e movimento hippie em alta, e tudo mais que a história nos conta.
Cazuza, ainda Agenor, percorre por este mundo novo, descobre
as drogas, sexo, e tudo que lhe estava ao alcance.
Anos mais tarde funda uma banda de peso para a música
brasileira, Barão Vermelho. Vive momentos gloriosos com e sem a banda, visto
seu dom para composições.
E em 7 de julho de 1990, aos 32 anos, morre de AIDS.
Hoje sua mãe realiza trabalhos brilhantes com a Sociedade
Viva Cazuza, a qual ajuda milhares de crianças que possuem a doença.
Entendam, não quero aqui inocentar meu ídolo - não toma aqui o sentido literal da palavra -
apenas, mostrar-lhes, ele era humano, cometeu falhas, sei disso, pois para mim
ídolo, como já disse, não é a perfeição, algo inalcançável.
Usou drogas? Sim. Compactuou indiretamente com o tráfico?
Com certeza, sim. É inegável também o apoio incondicional dos pais durante todo
esse processo e todos os processos.
Mas o quê fez, e faz, dele meu ídolo não são estes fatos,
mas sim, o legado inquestionável deixado à música. Ele não fez sucesso por
causa exclusiva do pai, como alguns desinformados dizem por aí, o fato é ele não podia renegar quem era seu
pai naquela circunstância.
Pessoas dizem coisas sem nexos, sem escrúpulo algum espalham
na internet, e alguns desprovidos de raciocínio disseminam sem sequer
questionar o que é certo ou errado. Falando nisso, alguém sabe dizer o que é
certo? E o errado? Tenho certeza que haverá controversas entre o meu certo com
o de outro alguém. Existem regras, impostas, que devem ser seguidas, que podem
ser mudadas em questão de tempo, transformando o certo em errado ou vice-versa.
Mas não vou aqui me delongar na minha
filosofia, pois muitos não entenderão.
O meu intuito aqui é apenas dizer, tenho muito orgulho de
ter o Cazuza como meu ídolo ímpar, desde os 12 anos, pois jamais acharei alguém
tão competente, sensível, inteligente, e com tamanha capacidade pra compor
músicas. Vou além, sou fã também do Agenor, mesmo não tendo o conhecido, o Cara
esperto, intenso, amável que por todos foi querido.
Amei e sempre amarei o Cazuza.